Ensinamento Diário

O SÉCULO XXI [continuação]

Por: Meishu-Sama
Editoria: Ensinamento Diário

  

[...] Enquanto eu fazia uma coisa e outra, parece que ia anoitecendo, mas não se sentia que já era noite. Aliás, não era para menos, pois nas ruas, em determinados espaços, existiam alto postes de iluminação a arco voltaico. Os raios de luz eram diferentes dos que são emitidos pelas lâmpadas: muito mais claros, um brilho surpreendente. A sensação é que se recebia a luz do Sol em plena tarde, e nenhuma das cores sofria modificação.

Caros leitores, gostaria que imaginassem a cidade que acabei de descrever. As mais diversas flores, em plena floração, exalavam um perfume agradável por toda a parte, e árvores carregadas dos mais variados tipos de frutas. O silêncio era tão grande que não parecia estar em uma metrópole. Que passeio agradável!

Olhando as vitrines das lojas, eu tinha a impressão de estar vendo uma exposição de belas-artes. Naquela cidade, até as grandes lojas conseguiam suprir suas necessidades com apenas um ou dois funcionários, visto que as mercadorias tinham os preços expostos, e qualquer pessoa podia pegá-las e examiná-las. Se os fregueses ficavam satisfeitos com o preço e a explicação do folheto, depositavam o dinheiro e a etiqueta na caixa coletora, colocada à entrada da loja.

O embrulho era feito automaticamente por uma máquina e, de acordo com o tamanho do objeto, era amarrado com uma fita, tornando-se fácil de carregar. Dessa forma, era realmente muito fácil fazer compras. Como sentisse fome, entrei num restaurante. Não se avistava nenhum atendente. De um lado da entrada, estavam enfileirados pratos apetitosos, todos com uma identificação: A, B, C... Sentei-me a um lugar desocupado e, olhando para a mesa, vi que era numerada. Depois, apertei um dos botões instalados no canto. Naturalmente, pressionando o botão correspondente ao número da mesa e à identificação do prato, este aparecia rapidamente.

Olhando com mais atenção, notei que, no meio da mesa, havia uma abertura mais ou menos do tamanho do prato, que por ali saía automaticamente. Assim, tudo que eu pedia subia logo em seguida. Não havia necessidade de nenhuma explicação; o serviço era muito rápido, muito agradável. Eu tinha ouvido falar que esse método já existia no século XX, mas eu achava inconcebível que estivesse tão aperfeiçoado. Obviamente, as bebidas saíam pela mesma abertura, mas as alcoólicas só eram liberadas até certo limite.

Observando melhor, vi que havia mais um botão. Nele estava escrito: "Conta". "Ah, então aperta-se esse botão..." Assim fiz. Imediatamente, surgiu a notinha. Coloquei a quantia estipulada, e logo apareceu o recibo. Que felicidade! Fiquei satisfeito e como era cedo, resolvi ir a um teatro.

A quantidade de casas de espetáculos era surpreendente. Qualquer cidade os possuía em toda parte, e, para meu espanto, o ingresso era muito barato. Imaginando que haveria prejuízo, interpelei o gerente.

Ele respondeu que todos os teatros eram administrados por milionários como obras sociais e, assim, nem seria preciso cobrar ingresso. A arquitetura e as instalações eram magníficas, ostentando muita beleza e qualidade.

Não se permitia a entrada de espectadores além da quantidade de assentos, de modo que se podia assistir às apresentações confortavelmente. Quando entrei, estava havendo uma exibição cinematográfica curiosíssima. Exibiram-se dois filmes produzidos por uma companhia nipo-americana - um sobre os Estados Unidos e outro sobre o Japão.

O primeiro era um filme histórico que retratava o período transcorrido desde a época em que os puritanos da Inglaterra chegaram aos Estados Unidos e começaram a desbravar a terra, até a Guerra da Independência. O segundo mostrava um personagem que poderíamos chamar de cientista em religião, o qual revolucionou a medicina e teve uma vida de lutas incessantes, mas solucionou o problema da doença. Ambos os filmes eram muito interessantes. Havia também uma atração à parte, exibida em uma televisão. Parecia uma peça representada em algum teatro. [...]

Meishu-Sama - Luz do Oriente, vol. 1 [trechos]