Por: Meishu-Sama
Editoria: Ensinamento Diário
A meu ver, o que mais falta aos políticos japoneses são conhecimentos sobre economia, que, em síntese, são os cálculos. Entretanto, isso não se limita à política; é impossível ao ser humano obter êxito, em qualquer coisa, sem se basear nos cálculos. E estes não dizem respeito apenas às coisas relacionadas ao dinheiro.
Seja qual for a questão, sem os cálculos, não será possível saber claramente as possibilidades de lucros e prejuízos, avaliar as vantagens e desvantagens.
Está mais do que claro que o princípio da democracia é expressar a vontade da maioria do povo. Como depende de votações, não há outra forma de indicar a quantidade de votos a não ser por meio dos cálculos. Não há qualquer probabilidade de sucesso ou progresso se ocorrerem descuidos no cálculo.
O melhor exemplo do que dizemos é a última grande guerra. Talvez haja várias causas para a derrota do Japão, mas a maior delas foi não ter analisado os prós e os contras.
Com base nessa análise, os japoneses nem deveriam ter começado a guerra, mas, ainda que por um erro, uma vez iniciada, deveriam tê-la encerrado o mais rápido possível.
Deixando escapar essa oportunidade, à medida que a guerra avançava, menos lucrativa esta se apresentava. Isso fica evidente se relembrarmos aquela época.
Os cálculos não são algo exclusivo da época atual: existem desde os tempos antigos. Um dos principais motivos pelos quais o senhor feudal [Minamoto no] Yoritomo [...] conseguiu reinar o Japão foi a riqueza que ele acumulou, nomeando Kanabori Kitiji, um extraordinário e hábil perito em descobrir minas de ouro.
O mesmo se deu com o general Toyotomi Hideyoshi [...], que conseguiu extrair uma quantidade colossal de ouro na mina de Sado. Quando Hideyoshi construiu o Palácio Jurakudai, convidou vários senhores feudais para uma festa e deu-lhes de presente pepitas de ouro e prata, as quais estavam dispostas em grande quantidade nos dois lados do corredor.
Este possuía um percurso bastante longo, indo desde o portão até o hall de entrada. O anfitrião disse que cada um poderia levar a quantidade que conseguisse carregar.
Essa história nos faz compreender que ele realmente mantinha, em seu poder, uma grande quantidade de ouro e prata. Também era o caso de Ieyasu* Tokugawa.
O fato de que a dinastia Tokugawa conseguiu manter-se no poder durante trezentos longos anos foi graças à mina de ouro de Sado.
Temos outra história famosa: com a intenção de procurar ouro por todos os cantos do país, Ieyasu contratou Ookubo Nagayasu** [...], célebre descobridor de jazidas minerais, que encontrou a mina de ouro de Izu Oohito***.
Com o passar do tempo, entretanto, o ouro da mina de Sado foi-se tornando escasso. No final da época do governo feudal no Japão, a queda drástica da produção provocou uma crise econômica na qual até mesmo o pagamento dos súditos, frequentemente, deixava de ser efetuado.
É indiscutível que as consequências provocadas pelas dificuldades financeiras causaram a ruína do regime feudal. [...]
Por Meishu-Sama, em 10 de setembro de 1949
Alicerce do Paraíso, vol. 5 [trechos]
* Pronuncia-se Leyassu
** Pronuncia-se Nagayassu
*** Pronuncia-se Oorrito