Ensinamento Diário

A CAUSA DA POBREZA [continuação]

Por: Meishu-Sama
Editoria: Ensinamento Diário

  

[...] Em geral, os religiosos se isolam nas montanhas, banham-se em cascatas e fazem jejum, mas acho que minha prática ascética foi muito mais difícil e sofrida que a deles.

E não foi apenas uma ou duas vezes que me vi na mais profunda pobreza. Vou revelar a “filosofia da pobreza” que consegui intuir nessa época.

Além da doença, as dívidas são a causa da pobreza. Cheguei à conclusão de que, se não as contrairmos, jamais ficaremos pobres.

Ora, quando se toma dinheiro emprestado, é certo que chegará o dia em que se tem de pagá-lo.

A quantia a restituir é definida, mas o dinheiro que se deveria ter, nem sempre entra no prazo previsto. Aí é que os cálculos se desencontram.

Quando se faz uma dívida, correm juros infalivelmente todos os dias, até que ela seja liquidada completamente. Por conseguinte, ainda que os cálculos mostrem um ganho considerável, subtraindo-se os juros, não haverá o lucro esperado.

Além do mais, a dívida acarreta um abalo psicológico e uma constante intranquilidade espiritual, que, embotando a inteligência, torna impossível o surgimento de boas ideias.

Assim sendo, podemos afirmar que a causa da maioria dos fracassos e da pobreza na sociedade está no endividamento. Depois que concluí a respeito dessa realidade, digo sempre às pessoas: "Se você tiver cem mil ienes, empregue no negócio apenas um terço dessa quantia, isto é, trinta mil ienes".

À primeira vista, essa forma de empreendimento parece modesta, mas com o tempo, acaba crescendo.

A razão do meu conselho é que, uma vez sendo empregada essa quantia, caso ocorra um revés, a pessoa poderá recomeçar com outros trinta mil ienes e, desta vez, aplicando um novo método baseado na experiência do fracasso. Com isso, geralmente, se chega ao sucesso.

Mesmo que, eventualmente, o empreendimento incorra em um novo fracasso, ainda restarão à pessoa os últimos trinta mil ienes; se ela fizer nova tentativa, é certo que será bem-sucedida.

No entanto, se tiverem cem mil ienes, as pessoas, em sua maioria, começam o negócio empregando o total da quantia.

Às vezes, até fazem empréstimo de mais cinquenta mil. Assim, começam com cento e cinquenta mil, o que é realmente arriscado. Se o empreendimento falhar, é certo que elas recebam um golpe do qual nunca mais conseguirão se recuperar.

Todavia, quem agir de acordo com o meu método, terá uma reserva monetária. Assim, se surgirem oportunidades de aquisição de mercadorias mais baratas ou alguma transação de lucro certo, poderse-á fechar o negócio de imediato e, assim, obter lucros, de certa forma, inesperados.

Em contrapartida, quando todos os recursos estão empatados, às vezes podem surgir dificuldades na hora do pagamento ou mesmo inadimplência e, dessa maneira, a perda do crédito.

Havendo uma reserva de dinheiro, a pessoa poderá honrar o pagamento sempre no prazo e, com isso, conquistar maior crédito. Assim, usufruirá de múltiplos benefícios.

Por Meishu-Sama, em 30 de junho de 1949
Alicerce do Paraíso, vol. 4